(escrito em 11 de novembro de 2021)
No momento da meditação, com uma voz suave e cuidadosa, minha querida professora e amiga, Dani Moura, provocou a seguinte reflexão em mim: “Lembre-se de um momento feliz na sua vida”. Eu já havia pensado sobre isso, após assistir à minissérie Maid, onde a protagonista questiona o mesmo a sua colega, num grupo de escrita terapêutica para mulheres que sofreram violência doméstica. A Dani não assistiu ao seriado ainda, mas, por pura “coincidência”, me fez ponderar sobre o mesmo tema.
Me lembrei de tantos momentos: nascimento dos meus filhos, meu casamento, o dia em que chegamos aos EUA para comemorar o aniversário da minha irmã, Tatá, na Disney, e, assim que nos viu, ela não parava de pular (literalmente) de alegria.
Bem, o nascimento dos meus filhos foi, sem dúvida um momento intenso e de profundo significado, mas veio repleto de medos e inseguranças pela fragilidade da vida daqueles que estavam chegando. Foram partos naturais, um com 12 horas de duração, o outro nasceu no carro, nem esperou chegar à maternidade. Era tanta responsabilidade, tantas questões importantes para lidar ao mesmo tempo.
A ida aos EUA também foi cheia de receios de que algo desse errado a qualquer momento. Fomos com duas crianças muito pequenas. Tinha pavor de perdê-los naquele mundaréu de gente, de os sequestrarem e eu nunca mais vê-los, como já vi em alguns filmes americanos (não entendo o porquê de eu continuar assistindo a esse tipo de filme). Eu não conseguia relaxar um minuto. Estava em constante estado de alerta.
Fui começando a perceber que esses foram momentos importantes, sim, por uma série de outros motivos. Mas os momentos em que me senti mais genuinamente feliz foi quando me desafiei a fazer coisas por mim. Andar de bicicleta sozinha, quando morei na Alemanha. Fazer a prova do mestrado, mesmo sem acreditar que eu era capaz de passar. Desfilar nas passarelas de moda com apenas 16 anos, me expondo, no auge da minha insegurança com meu corpo e com minha imagem. Vencer um tratamento contra o câncer (que dispensa qualquer comentário adicional) e aprender tanto com minha querida leucemia.
Escolhas e decisões baseadas em mim. No que eu poderia bancar. Plantadas, regadas, colhidas e desfrutadas por mim. Esses são MEUS momentos mais felizes.
Escrito por Carol Vieira