Do que você se lembra ao ouvir (ler) essa palavra?
A inspiração como ato de inspirar, puxar o ar para dentro dos pulmões? Talvez tenha sido o primeiro significado que venho à mente, pois se trata de um ato tão fundamental para que a vida se faça presente. É por meio da inspiração que tudo começa. Quando um bebê recém-nascido chega, a sua primeira inspiração é recebida com muita comoção. É o início de uma nova história, de uma nova família, de novos laços de amor.
Porém, inspiração também quer dizer um ato de criatividade. “Estou inspirada hoje, não posso deixar passar! Vou escrever”, repito isso para mim mesma (mas, confesso, com uma frequência bem menor do que gostaria). Esse tipo de inspiração também traz vida, mas um tipo de vida diferente. A gente chega a pensar que viveria tranquilo sem ela. Quando funcionamos no modo automático, fazemos tudo de acordo com o que está escrito na agenda, no nosso “checklist”, no que os outros precisam, por exemplos, os filhos, o trabalho, a casa, e vamos funcionando assim, como se estivesse tudo sob controle, estamos vivendo sem inspiração. Mas aí, quando o mundo para e nos vemos sozinhas, sem atividades pré-definidas e “urgentes”, o que fica? O que fica quando sentimos e ouvimos aquele ensurdecedor vazio existencial que, preferimos muitas vezes, não dar atenção?
Bem, nessas últimas três semanas, a minha prática de yoga ficou de lado. Muitas obrigações com as crianças, escola, reforma no consultório, despedidas dolorosas. Fui deixando de lado a minha prática. Sem tempo! Sem tempo para respirar. Inspirar e expirar. Consequentemente, sem tempo para inspiração. Aquele outro tipo de inspiração, que eu insisto em não cuidar de um lugar especial para ele.
Sempre quando paro para inspirar de forma consciente, no meu caso, na prática da yoga, tiro insights poderosíssimos! Me sinto em contato mais íntimo com minha intuição. Saio do tic-tac do relógio, do “tenho que”, simplifico a resolução de problemas, à primeira vista, indecifráveis; sinto menos necessidade de mergulhar em redes sociais (aquele poderoso anestésico atual, disponível a todo momento, em todo lugar).
Nossos momentos de inspiração, são essenciais à manutenção da vida! Não só daquela vida onde os pulmões se enchem de ar, mas daquela vida feliz, profunda, onde nosso mundo se enche de sentido.
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